Banana Por Talento ignorado por empresários: “nenhum patrocínio”

A viagem de Banana Por Talento de Maputo até Cabo Delgado, numa simples motorizada de 50 cilindradas, tornou-se um dos temas mais acompanhados do momento em Moçambique. Milhares de pessoas seguem diariamente as suas publicações, comentam, partilham e incentivam o criador de conteúdos a continuar. No entanto, em paralelo com a popularidade crescente, surge uma pergunta que começa a gerar polémica: por que razão nenhuma empresa decidiu apoiar o jovem nesta jornada?
A ausência de patrocínios
Até ao momento, Banana Por Talento tem feito todo o percurso com recursos próprios e apoio simbólico de seguidores locais que o recebem nas comunidades. Mas, apesar da enorme visibilidade digital, nenhuma marca de peso se posicionou para lhe oferecer suporte. Empresas ligadas ao setor de combustíveis, hospedagem, águas minerais e até de motorizadas, que poderiam beneficiar com a associação à sua imagem, mantêm-se em silêncio absoluto.
O debate nas redes sociais
Nas redes, multiplicam-se os comentários de internautas que veem a situação como uma oportunidade desperdiçada pelo empresariado nacional. “As marcas deviam estar a disputar espaço para patrocinar o Banana, porque ele está a movimentar milhares de pessoas todos os dias”, escreveu um utilizador do Facebook. Outro questionou: “Se fosse alguém de fora, já teria fila de empresas a patrocinar. Por que é que não valorizamos os nossos?”
Influência com números claros
A força digital de Banana Por Talento não é um detalhe menor. Cada vídeo seu alcança entre 100 mil e 300 mil visualizações, e alguns ultrapassam o milhão em poucas horas. Para qualquer empresa, esse alcance representa uma exposição sem custos elevados em campanhas publicitárias tradicionais. No entanto, o jovem continua a depender apenas da sua determinação e do apoio moral dos seguidores.
Oportunidade perdida?
Especialistas em marketing digital começam a alertar para o que chamam de “miopia empresarial”. Num mercado cada vez mais competitivo, as marcas que não souberem associar-se a fenómenos espontâneos e autênticos correm o risco de perder espaço. Para muitos, Banana Por Talento é mais do que um criador de conteúdos: é um símbolo de perseverança e criatividade que mobiliza multidões sem qualquer estratégia corporativa.
Vozes que pedem mudança
A pressão aumenta, e já existem movimentos de seguidores que pedem explicitamente que empresas de combustíveis apoiem a sua viagem, que cadeias de hospedagem lhe ofereçam estadias, e que marcas de motorizadas invistam em renovar a sua cinquentinha. “Este é o momento para provarmos que valorizamos os nossos talentos locais”, disse um internauta.
O silêncio do próprio
Por sua vez, Banana Por Talento mantém-se fiel ao seu estilo simples. Não fez qualquer apelo direto a empresas, não exigiu patrocínios, nem usou a polémica como bandeira. Continua a registar momentos da sua viagem, a interagir com os fãs e a mostrar que, com ou sem apoios, o seu objetivo é concluir o trajeto até Cabo Delgado.
Um espelho da realidade moçambicana
O caso abre espaço para uma reflexão maior: até que ponto Moçambique está preparado para valorizar influenciadores locais como protagonistas de campanhas e rostos de marcas nacionais? Banana Por Talento pode não ter um contrato milionário, mas já conquistou algo que muitas empresas desejam desesperadamente — a atenção espontânea e genuína do público.