Jornalista Nádio Taimo revela os bastidores do Anamola

Jornalista Nádio Taimo revela os bastidores do Anamola

Por: Nádio Taimo

O ANAMOLA já foi oficialmente lançado e, confesso, eu tinha dúvidas de que reunisse tanta gente. Sempre pensei que, se o evento fosse em Maputo, a adesão seria maior. Estava enganado. Foi Beira quem me surpreendeu.

O primeiro sinal percebi em Lichinga, ainda na quinta-feira, quando seguia viagem para Nampula. No autocarro, encontrei várias pessoas que também iam a Beira para o evento.

No dia seguinte, quando parti de Nampula, a febre era ainda maior. Em Mocuba, na Zambézia, muita gente lutava por transporte e todos diziam a mesma coisa: “Vamos ao Conselho Nacional do ANAMOLA”. Não eram convidados, como eu, que levava um convite. Foram por conta própria, movidos pela vontade de estar presentes.

Na entrada da cidade da Beira, vi grupos inteiros vindos de outras cidades e províncias por iniciativa própria e sem local para dormir. Decidiram pernoitar na “Passagem de Nível”, aguardando ansiosamente pelo dia seguinte.

No sábado, cedo demais para o previsto, milhares já ocupavam o espaço. O que mais me impressionou foi a juventude. Uma multidão de jovens, firme, animada, sem comida, sem camisetas do partido, mas de pé desde as 7h da manhã até às 20h, entre discursos, música, marcha e fogo-de-artifício.

A cena trouxe-me de volta as imagens das marchas de 2023 em Maputo. O mesmo espírito de resistência, a mesma chama, a mesma esperança. E não era mera curiosidade. Os gestos, as danças, as palavras gritadas mostravam que havia ali um vínculo real, uma convicção. Quando pensei que a marcha havia terminado, vi o contrário.

O engenheiro entrou no carro e seguiu em velocidade até ao hotel, mas ao longo do caminho havia sempre mais gente à espera. Ele não resistia, descia, saudava, apertava mãos, mesmo no escuro da noite. Chegado ao Hotel Moçambicano, mais uma multidão o aguardava, obrigando-o a falar de novo.

O lançamento foi feito com pouco material de propaganda, sem muitas bandeiras e camisetas do partido. Mas a população estava lá firme, gritando a cada discurso, a cada atuação de artistas. E a agenda de lançamento estava comprometida pelo atraso no início e artistas que gastaram muito tempo, e realmente o pessoal do ANAMOLA tinha problemas para gerir tempo.

Mas Beira mostrou o que muitos ainda tentam ignorar, há um movimento a nascer que arrasta massas, sobretudo jovens. E não é apenas entusiasmo de ocasião, é sintoma de um país que procura alternativas. Para os partidos que se acomodaram, é melhor abrir os olhos.

Porque o ANAMOLA, queira-se ou não, mostrou que já ocupa o espaço da esperança. E tudo neste momento gira em torno de “esperança”, que também é o grande desafio do atual governo é “devolver a esperança ao povo”!

MidiaMoz

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